16/08/2012

GLEICINEIDE E OS NAMOROS


imagem daqui

- Seu moço, mulher é o bicho mais traíra que existe. Pois veja o que me aconteceu: terminei com o Juninho e tava ficando com um rapaz. Outro dia levei uma amiga que já tenho há sete anos lá em minha casa com o namorado dela. Juntamos mais uns vizinhos, compramos umas cervejas, uns vinhos, fizemos umas batidas e estávamos naquele converseiro, até que rolou uma música e começamos a dançar. A cerveja acabou e enquanto o namorado de minha amiga foi ao bar buscar mais, eu resolvi tomar um banho pra tirar a suadeira da bebida e da dança. Daí a pouco eu escuto uma vizinha me gritando pra que eu saísse do banheiro rápido e vir “ver uma coisa”. Pela urgência que ela falou, me enrolei na toalha e fui achando que alguém tinha acidentado ou passado mal, coisa assim. Ela queria era me mostrar a minha amiga de beijos e abraços como o meu rapaz lá no quarto dos fundos da casa. Eu fiquei na minha, afinal não ia brigar com ela por causa de homem, né? Mas tem uma coisa: quando o namorado dela chegou com a cerveja e já ia dando um beijinho nela eu entrei no meio e falei mesmo pra ele. - Êpa, se fosse você eu não beijava essa aí , não, pois somos dois chifrudos. Foi só você sair e eu ir tomar banho que os dois se engalfinharam.

- E você acredita, seu moço, que ela ainda teve a cara de pau de me dizer que jamais teria coragem de fazer uma coisa daquelas, que estava só conversando?  Depois ela me pediu desculpas e eu aceitei. E não é que na outra semana me veio convidar para comemorar o meu aniversário na minha casa? Nem morta, seu moço! Nem morta!. Quer dizer, só se não tiver homem no meio. E tá pensando que ela é mocinha, né não, seu moço. Tem 42 anos e é um assanhamento de uma menina. Eu só não fui à forra porque o namorado dela é muito velho pra mim, senão o troco já estaria dado. Ele bem que fica me olhando com aquele olhar de guloso, só vendo!

08/08/2012

IMPRESSÕES

Arcanjo Isabelito Salustiano

Pensando em como dizer à filha de 14 anos que está apaixonado novamente aos 50, o pai recorreu aos seus próprios 14. Com seus botões desabrochando de paixão, lembrou-se de que naquela idade considerava os pais seres completamente assexuados. Nunca iria imaginar que o pai e a mãe tivessem relações sexuais. Mas, calma lá: aquelas relações sexuais fortuitas, destinadas apenas ao prazer de ambos. Sabia sim, que a reprodução era sexuada entre os humanos, seus pais reproduziram sim (e não foi pouco, pois era de uma família de muitos irmãos), mas fora disso – pensava - a vida deles era para ser apenas trabalhar e cuidar dos filhos. Sabia também que eles dormiam juntos todos os dias. Ele próprio já se socorreu várias vezes lá na cama dos pais com medo de assombrações em seus pesadelos constantes de madrugada quando criança. Agora, sexo, sexo, mesmo, esse que todo mundo fica aí querendo, ou fazendo só para satisfazer a natureza ciática*, ah não, isso, não!
(*ciática aqui não tem nada a ver com nervo ciático, vem de cio)

A visão que temos nesta idade é de distanciamento absoluto entre o novo e o velho, entre meia idade e juventude, entre adolescência e infância. Tudo é muito extremo. Por exemplo, quando a mãe morreu  ele tinha 20 anos. Ela, 51. Chorou um rio de lágrimas durante uns bons anos e até hoje, quase trinta anos se passaram e ela ainda faz falta. Mas naquele instante um dos consolos era de que ela já tinha vivido muito, estava velha. Nunca passava pela sua cabeça estar com 51 anos, um horizonte totalmente fora de qualquer plano de vida de um adolescente. Pensava mais ou menos assim: a mãe nasceu, cresceu, casou-se teve muitos filhos, criou-os todos e ainda pode ficar muito tempo com todo mundo já adulto ( já tinha umas três ou quatro irmãs casadas, já tinha sobrinhos e a mãe já era avó). É muito difícil essa abstração com o tempo.

Agora, ei-lo aí, completamente apaixonado, aos 50 anos, achando-se novíssimo e tendo que falar para a filha - sem parecer ridículo - que amor não tem idade, sexo também não.






DESCULPAS: Amigos, perdoem a minha ausência momentânea em seus blogs. Estou num ritmo frenético de viagens e o tempo anda meio apertado. Assim que me acomodar mais um pouco eu retorno em cada um, com prazer, alegria e gratidão. Abraços. Paz e bem.