Arcanjo Isabelito Salustiano
Pensando em como dizer à filha de
14 anos que está apaixonado novamente aos 50, o pai recorreu aos seus próprios
14. Com seus botões desabrochando de paixão, lembrou-se de que naquela idade
considerava os pais seres completamente assexuados. Nunca iria imaginar que o
pai e a mãe tivessem relações sexuais. Mas, calma lá: aquelas relações sexuais
fortuitas, destinadas apenas ao prazer de ambos. Sabia sim, que a reprodução
era sexuada entre os humanos, seus pais reproduziram sim (e não foi pouco, pois
era de uma família de muitos irmãos), mas fora disso – pensava - a vida deles
era para ser apenas trabalhar e cuidar dos filhos. Sabia também que eles
dormiam juntos todos os dias. Ele próprio já se socorreu várias vezes lá na
cama dos pais com medo de assombrações em seus pesadelos constantes de
madrugada quando criança. Agora, sexo, sexo, mesmo, esse que todo mundo fica aí
querendo, ou fazendo só para satisfazer a natureza ciática*, ah não, isso, não!
(*ciática aqui não tem nada a ver
com nervo ciático, vem de cio)
A visão que temos nesta idade é
de distanciamento absoluto entre o novo e o velho, entre meia idade e
juventude, entre adolescência e infância. Tudo é muito extremo. Por exemplo, quando
a mãe morreu ele tinha 20 anos. Ela, 51.
Chorou um rio de lágrimas durante uns bons anos e até hoje, quase trinta anos
se passaram e ela ainda faz falta. Mas naquele instante um dos consolos era de
que ela já tinha vivido muito, estava velha. Nunca passava pela sua cabeça
estar com 51 anos, um horizonte totalmente fora de qualquer plano de vida de um
adolescente. Pensava mais ou menos assim: a mãe nasceu, cresceu, casou-se teve
muitos filhos, criou-os todos e ainda pode ficar muito tempo com todo mundo já
adulto ( já tinha umas três ou quatro irmãs casadas, já tinha sobrinhos e a mãe
já era avó). É muito difícil essa abstração com o tempo.
Agora, ei-lo aí, completamente apaixonado,
aos 50 anos, achando-se novíssimo e tendo que falar para a filha - sem parecer
ridículo - que amor não tem idade, sexo também não.
DESCULPAS: Amigos, perdoem a minha ausência momentânea em seus
blogs. Estou num ritmo frenético de viagens e o tempo anda meio
apertado. Assim que me acomodar mais um pouco eu retorno em cada um, com
prazer, alegria e gratidão. Abraços. Paz e bem.
Somos assim! Que bom!
ResponderExcluirAbração, Cacá!
Berzé
Adorei!..ri muito com o "ciático".
ResponderExcluirMuito bom esse pai estar neste estado de paixão, o bem é tão grande que espalha entre as pessoas.
Belo, Cláudio! Eu costumava pensar que 30 anos de idade era estar velho... hoje, 10s 46 (quase 47), vejo que estar velho é lá pros 80, 90...
ResponderExcluirAinda bem que nos apaixonamos aos 50, 60 70.....
ResponderExcluirAh! que delícia a paixão.
bjs
Cacá, muito bom! Quando somos crianças pensamos mesmo que viemos de um repolho srsr. Ótimo que nos dias de hoje se apaixonar na tal 'idade avançada' não causa mais espanto. Lembro-me que quando alguém de mais de 40 enviuvava e se casava novamente, nunca pensávamos em paixão, e sim em alguém em busca de companheirismo para enfrentar a velhice sem ter que depender dos filhos. Se fosse um homem, era pra ter uma mulher para cuidar da casa... Um tanto triste isso, não?
ResponderExcluirSe apaixonar e poder revelar isso sem reservas deve ser um direito em qualquer idade. Que bom que os tempos mudaram!
Putz! Já estou falando como alguém da melhor idade, aff!!! rsrs.
Bjo grande. Adorei!!!
Oi Cacá!
ResponderExcluirParabéns pela belíssima crônica e tema sempre atual.
Sempre é tempo para amar independente da idade.
Felicidades em teus caminhos.
abração com carinho
Ai, Cacá, que beleza de texto! Tem tudo a ver com que nós 'cinquentões' pensamos e enxergamos o mundo hoje.
ResponderExcluirAdorei!
um grande abraço, carioca
Boa tarde, amigo Cacá, foi um prazer visitar seu blog e encontrar tão belo texto. Meus aplausos a vc e sucesso. Moura Vieira.
ResponderExcluirSaudades, Cacá! Muitas saudades. Amei a sua crônica. E estou de acordo com o papai de 50 anos. eu sessentão e mais um pouco me acho novinho e pronto para o amor. O que eu tenho é muita juventude...kkkkkkkkkkkkkk Abração, meu amigo! Gilberto Dantas
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